ASPAT alerta sobre perigos da castração química
Defensores de animais não veem com bons olhos prática alternativa à castração convencional que foi certificada pelo Ministério da Agricultura
Publicado em: 12 de abril de 2010
Defensores de animais não veem com bons olhos prática alternativa à castração convencional que foi certificada pelo Ministério da Agricultura
Uma nova prática de esterilização de cães machos está preocupando entidades de defesa dos animais no país. Trata-se da castração química, prática que consiste numa única aplicação intratesticular (uma em cada testículo) de um produto à base de gluconato de zinco, cuja ação leva à inflamação lenta e gradativa das células testiculares, interrompendo sua irrigação e levando à fibrose do órgão, tornando-o infértil.
O método foi desenvolvido no México e adaptado ao país por uma empresa do interior de São Paulo, com o aval do Ministério da Agricultura. Acontece que a castração química, apresentada como uma alternativa de baixo custo à castração convencional, já que não utiliza anestesia, tem deixado muitas dúvidas no ar, como relata a presidente da Associação Protetora dos Animais de Tupã (ASPAT), Osmarina Vidal Pereira.
“As ONGs de defesa dos animais desconfiam desse método, pois durante apresentação do produto para as entidades não foi informado o embasamento científico que justificasse o registro do produto junto ao Ministério da Agricultura, nem o por quê de a aplicação não exigir a presença do veterinário e o que é pior, não foi mencionado se o cão sente dor. Acreditamos que sim, pois a aplicação é feita sem anestesia”, explica.
Segundo Osmarina, diversas ONGs e veterinários manifestaram-se contrários à prática até que ela apresente estudos mais relevantes sobre a sua eficácia. No trabalho científico apresentado para justificar o uso do produto, foram analisadas aplicações em apenas 11 cães, amostragem muito pequena para justificar a sua liberação.
Pesa ainda contra o método a desconfiança sobre os efeitos no cão, como a medição da dor no animal. “Será que dói uma agulha entrando no testículo e injetando um líquido que irá inflamá-lo durante semanas? Especialistas dizem que esse é um processo doloroso e crônico, e que pode provocar um câncer no animal a longo prazo”, questiona.
Para a presidente da ASPAT, que há anos defende a esterilização como a única forma de acabar com o abandono de animais, alternativas à castração cirúrgica devem ser analisadas com cuidado, para justamente se evitar a crueldade, principalmente contra os já tão sofridos animais de rua e de comunidades de baixa renda, fazendo-os cobaias desse método.
“Claro que sonhamos com um método de castração mais barato, justamente para atingir um número maior de animais, mas é preciso ter cuidado. Não é correto que as prefeituras, que sabemos já terem recebido 10 mil amostras desse produto, substituem o método de castração convencional sem se importar com as consequencias, apenas porque a castração química é barata”, alerta.
Na sua opinião, as prefeituras deveriam encontrar meios e parcerias para ampliar a castração cirúrgica, que há anos tem se mostrado eficiente e sem contra-indicações aos animais. A Prefeitura de Tupã mantém há quase 10 anos parceria com a ASPAT para castração de cães e gatos de comunidades pobres. Apenas em 2009, foram castrados 220 animais, colocando o município entre os mais bem sucedidos programas de castração do Estado.
“A castração é importante para as prefeituras, pois reduz o número de animais de rua e o índice de zoonoses, mas é preciso cautela para adotar outro método que não seja o cirúrgico, para não correr o risco de ao invés de ajudar, prejudicar o animal”, aconselha Osmarina.
Publicado por: Câmara Municipal de Tupã
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