Serviço de reciclagem de lixo em Tupã passa por dificuldades
Vereador Valdir “Bagaço” vai se reunir com prefeito Waldemir para tentar melhorar condições de trabalho dos cooperados
Publicado em: 06 de maio de 2009
Vereador Valdir “Bagaço” vai se reunir com prefeito Waldemir para tentar melhorar condições de trabalho dos cooperados
A crise financeira tem feito estragos no setor do lixo reciclável, derrubando preço dos materiais e afetando, de forma cruel, a vida das pessoas que trabalham diretamente no serviço, os catadores de material reciclado.
O vereador Valdir de Oliveira (PDT) conferiu de perto essa realidade, ao visitar na manhã de quarta (6) a central de triagem do projeto Reciclar é Legal, operado pela Cooperativa de Trabalho dos Recicladores de Tupã (COORETUP) em parceria com a Prefeitura e localizada no Distrito Industrial I.
Fundada em 2001, a cooperativa conta hoje com apenas 33 cooperados, que se revezam no árduo trabalho de recolher, separar e prensar o lixo, que todos os dias chega em grande quantidade. O número reduzido de cooperados, no entanto, não é suficiente para dar conta de todo o serviço, e o lixo acaba se acumulando para fora do barracão da triagem.
“O espaço está lotado de lixo, mas não temos cooperados suficientes para dar conta do serviço”, admite a presidente da COORETUP, Rita dos Santos, relevando que os cooperados estão deixando o serviço por causa do baixo rendimento dos materiais.
Atualmente, a média retirada pelos cooperados é de R$ 370. A situação é complicada, conforme relata a representante dos cooperados. A única ajuda vem da própria Prefeitura, que distribui cesta básica para cada trabalhador.
“O prefeito está preocupado em limpar a cidade, ele está certo, é o dever dele. Mas ninguém se importa com as condições de vida dos catadores”, diz Rita, em meio às gigantescas montanhas de lixo acumulado no local.
O contador Benjamin Ferreira de Matos diz que a COORETUP vem sofrendo com a queda de preços dos materiais desde o ano passado e por isso ele sugeriu à Prefeitura firmar convênio com a cooperativa para repasse de recursos pelo menos durante esse período crítico.
“Tentamos fazer o trabalho da forma mais transparente possível, mas o problema aqui hoje é a sobrevivência do serviço e dos próprios cooperados. As vendas caíram e as pessoas estão saindo da cooperativa. Por isso, acreditamos que esse socorro do poder público seria fundamental”, afirma. “A imprensa já noticiou o problema, todos souberam, mas até agora ninguém fez nada”.
Ele conta ainda que a verba de R$ 1,4 milhões do BNDES não pode ser utilizada para socorrer os cooperados. “Já tentamos junto ao Banco no Rio de Janeiro, mas eles nos informam que o dinheiro tem que ser gasto na infraestrutura da cooperativa, no caso a construção do prédio no bairro São Gonçalo. Estamos tentando ao menos comprar os equipamentos de proteção individual e um ônibus para transportar os catadores”, explica.
Mais estrutura
Para o vereador Valdir, que vem visitando diversas cooperativas pela região, a COORETUP precisa se estruturar melhor. “Sinto que eles poderiam estar mais estruturados, vendendo mais e ganhando mais também”, comenta.
O parlamentar levantou a questão da venda dos produtos para atravessadores, que segundo a presidente da cooperativa, é uma forma de enxugar custos, já que a cooperativa não possui caminhão para transportar o material para fora da cidade. Além disso, ela afirma que o preço oferecido pelos compradores da região é melhor que os de outras localidades. “Os atravessadores antigos permaneceram na crise, o que foi a nossa salvação”, afirma Rita dos Santos.
A presidente da COORETUP admitiu que houve problemas no passado e que justamente por isso a cooperativa está se reestruturando para evitar os erros do passado. Ela conta que foi implantada nota fiscal para registrar cada prego vendido e contratado contador. Por indicação do próprio BNDES, o escritório São Paulo foi contratado para acompanhar a aplicação dos recursos do governo federal, fazer auditoria e emitir relatórios mensais para o banco.
Depois de ouvir atentamente as explicações, Valdir de Oliveira disse que vai entrar em contato com o prefeito Waldemir para buscar uma solução para o problema. “A Prefeitura tem que ser parceria desta cooperativa, pois a cidade necessita da reciclagem e este serviço, que é de fundamental importância para a sustentabilidade do nosso município, não pode parar, assim como os catadores precisam garantir o sustento de suas famílias”, observa.
Trabalho dos catadores
de lixo beira o desumano
Os moradores que reciclam seu lixo doméstico com certeza não sabem do destino exato que eles recebem depois de sair de suas casas. Antes de ir para a indústria, os materiais são separados na central de triagem pelos catadores da cooperativa.
Vidro, plástico, papel, lata, entre outros, são separados um por um pelos trabalhadores. Como a cooperativa enfrenta dificuldades, os cooperados não dispõem dos chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), obrigatórios para garantir a integridade física e a saúde desses trabalhadores, homens e mulheres, a maioria deles chefes de família que retiram do lixo o sustento de seus lares. Muitos sequer utilizam luvas.
Na central de triagem lotada de materiais, o cheiro é forte, de lixo mesmo, e eles ainda têm de conviver com insetos indesejáveis. Alguns não agüentam e adoecem, como relatou a presidente da COORETUP, Rita dos Santos.
É que muitos dos lixos que chegam à central vêm com restos de comida, o que atrai os insetos e prolifera o odor. As pessoas deveriam realizar uma pré-lavagem de latas, garrafas pets e embalagens que armazenam alimentos antes de descartá-los. Isso evitaria os problemas relatados acima.
Questionada se ela acha importante realizar campanhas de conscientização sobre a maneira correta de separar o lixo, ela diz que sim. “Seria bom que as pessoas soubessem como é o trabalho dos catadores aqui”, diz. O trabalho na central é duro. Mulheres corajosas, que deixam seus filhos nas creches, carregam caixas enormes e pesadas de lixo; depois, vão para a casa cuidar dos filhos.
Apesar de todas as dificuldades, os cooperados ainda encontram beleza no lixo, como a agradável visita de dois gatinhos que nasceram no local e são alimentados pelos próprios trabalhadores. “As meninas trazem leite pra eles todos os dias”, conta Rita.
Andréia Simões
Assessoria da Câmara Municipal
Publicado por: Andréia Simões
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