Dra. Lucília defende organização da carreira de médico no SUS

Vereadora afirma que criação de diretrizes para a profissão resolveria graves problemas que afetam saúde pública

Publicado em: 08 de julho de 2010

Vereadora afirma que criação de diretrizes para a profissão resolveria graves problemas que afetam saúde pública


A Câmara aprovou moção de apoio da vereadora Dra. Lucília Donadelli (PV) à PEC 454/2009 (Proposta de Emenda à Constituição), de autoria dos deputados Ronaldo Caiado e Eleuses Paiva, que estabelece diretrizes para a organização da carreira de médico de estado no Sistema Único de Saúde (SUS).

A criação de uma carreira de estado para o médico se tornou uma bandeira prioritária para o Conselho Federal de Medicina e outras entidades da classe. Dra. Lucília diz que a implantação de diretrizes para a profissão resolveria graves problemas que afligem o SUS. “Além de contribuir para a oferta de uma assistência de qualidade à população atendida pelo SUS e ajudar no processo de valorização do trabalho médico, vai ampliar e qualificar a atenção realizada nos postos de saúde”, afirma.

Segundo a vereadora, a proposta apresentada pela PEC assegura a infraestrutura de trabalho (equipamentos e instalações) e cria uma rede integrada capaz de absorver os casos de maior gravidade. “Sem essas garantias mínimas, os municípios terão sempre dificuldades de conseguir médicos para atender a população, pois os profissionais terão dificuldades para criar raízes e exercer com tranquilidade a sua profissão e assim contribuir para o desenvolvimento humano da comunidade”, observa.

Dra. Lucília também comenta sobre a evasão de médicos no interior do estado e do país. De acordo com ela, o que se vê hoje no interior paulista e nas regiões mais longínquas do país é a enorme carência de profissionais ou um fluxo irregular dos mesmos.

“Mesmo aqueles que assumem o desafio de ir para o interior, muitas vezes desistem diante das precárias condições de trabalho. Precisamos mudar essa realidade, oferecendo as condições mínimas de trabalho para os médicos e assistência á saúde de qualidade para a população”, ressalta.

A Constituição garante a saúde como um direito de todos e um dever do cidadão e o médico é parte indispensável neste processo. “O Estado respeita o profissional de Direito porque precisa dele em sua estrutura, por isso temos juizes e promotores com salários dignos e plano de carreira. Por que não respeitar igualmente os médicos?”, questiona a vereadora.

Para ela, de nada adianta ótimas estruturas de saúde, como o Ambulatório Médico de Especialidades (AME), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), unidades básicas de saúde, entre outras, se não houver médicos. Segundo a vereadora, continuadamente são feitos concursos, mas as vagas não são preenchidas por falta de candidatos.

“O SUS não consegue contratar nem fixar os médicos em um atendimento de qualidade. O povo e seus representantes só sabem reclamar que a saúde vai mal, mas não avaliam ou não compreendem o que realmente acontece”, esclarece a vereadora.

Escassez de médicos

Há 27 anos na saúde pública, Dra. Lucília reconhece que o município está realmente carente de especialidades, mas diz que a culpa não é do prefeito nem do secretário de Saúde, e sim da falta de diretrizes para a área. “Devemos deixar de lado esse tipo de raciocínio simplista e procurar realmente entender o que acontece e de que forma poderíamos ajudar”, conclama.

A vereadora diz que a Estratégia de Saúde da Família (ESF) incentiva a interiorização da medicina, mas não supre as necessidades do profissional. “Não é apenas o fator financeiro que conta, mas sim, as condições de trabalho e a fixação do médico por meio de uma progressão de carreira e oportunidades de estudo e aperfeiçoamento”, afirma.

Dra. Lucília observa que os médicos do programa Saúde da Família recebem um salário razoável, mas não têm nenhuma garantia de continuidade, além de trabalharem sob precárias condições, forte pressão social e sem incentivo de progressão nos estudos e na carreira. “Eu posso falar por eles, pois trabalho na saúde pública a quase três décadas e fui médica do PSF por seis anos e meio. Sinto diariamente na pele o sofrimento dos pacientes e dos abnegados servidores da saúde”, desabafa.

Por último, a vereadora deixa à população uma reflexão: “Não basta ficarmos em nosso conforto, reclamando que a saúde vai mal. O nosso município tem uma estrutura de saúde invejável e com ótimos profissionais de saúde. Por que não conseguirmos prestar uma assistência à saúde de qualidade para a nossa população”.


 


Publicado por: Andréia Simões

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